PIX – Como vai funcionar o novo modelo de pagamentos do Banco Central

Você, como eu, também está recebendo uma dezena de notificações do seu banco sobre o PIX? Calma, antes de cadastrar as suas chaves, vem entender melhor como vai funcionar essa nova modalidade de pagamentos do Banco ...

14 outubro, 2020 11 min de leitura Autor: Equipe Holmes

PIX - Como vai funcionar?

A essa altura você já deve ter ouvido falar do PIX, não é mesmo? Pois é! Seja pelos e-mails insistentes do seu banco te convidando para fazer o pré-cadastro, pelas propagandas na TV ou nas redes sociais, todo mundo está sendo bombardeado por esse assunto nos últimos dias.

Eu sou uma dessas e se você ainda não teve paciência para abrir nenhuma dessas notificações, aproveita que eu mesma fui minerar a internet em busca de informação e reuni neste conteúdo os pontos que achei mais importantes sobre esse tema.

Para começar, o PIX, nada mais é que o novo meio de pagamento eletrônico instantâneo que está sendo desenvolvido pelo Banco Central. A nova modalidade será lançada em 16 de novembro, mas o registro das chaves, como você ter notado, já começou agora em outubro. 

Você também já deve ter ouvido falar que o PIX vai permitir a transferência bancária em qualquer dia, inclusive feriados, a qualquer hora e sem custos, ou seja: nossos velhos conhecidos, o TED e o DOC, estão com os dias contados.

Isso tudo é verdade, mas não é só isso! Há quem diga que além disso, o PIX pode causar mudanças profundas na forma que a gente faz e recebe pagamentos e é justamente sobre isso que quero falar. 

Aqui você vai entender como o PIX vai funcionar, de que forma vai afetar os consumidores e empresas, quem ganha e quem perde com essa modalidade, se é seguro entre outras questões.

Vamos lá?

 

Como o PIX vai afetar os consumidores?

 

Para o consumidor, o que mudará com o PIX, basicamente, será a forma que ele transfere valores e paga por serviços e produtos

Ainda há pouco eu mencionei que o PIX, se amplamente aderido, tem o potencial de dar fim ao TED e ao DOC, certo? Mas não são apenas essas modalidades que estão ameaçadas com essa transformação!

Como o PIX permitirá a realização de transações com QR Code, uma praticidade disponível no seu celular de forma muito mais simples, é bem provável que o saudoso boleto bancário e, até mesmo, os pagamentos via cartão de débito ou dinheiro comecem a perder cada vez mais espaço com esse novo formato em curso. 

Vou explicar melhor:

No caso do boleto, o pagamento passará a ser feito pelo próprio aplicativo do banco ou de uma carteira eletrônica (como PicPay e Mercado Pago), por exemplo. Vamos supor que um consumidor faz uma compra online. Para efetuar o pagamento ele só precisará abrir o app e ler o QR Code do PIX. Além da praticidade da operação em si, ao contrário do boleto, a transação será processada instantâneamente, o que é menos uma dor de cabeça para o comércio.

E as compras em dinheiro ou débito seguem a mesma lógica. Em um estabelecimento comercial físico, por exemplo, o lojista pode gerar o QR Code ou imprimi-lo e deixá-lo no balcão, como já acontece hoje em estabelecimentos que aceitam pagamentos instantâneos de carteiras eletrônicas.

 

O PIX vai afetar os pagamentos  a crédito? 

 

A gente falou da função débito do cartão, mas e o crédito? Como o PIX vai afetar esse modelo de operação? 

Então, o que descobri foi que, por enquanto, os pagamentos a crédito tendem a ser pouco afetados por essa modalidade. Isso porque o PIX processa transações instantâneas e não a prazo

Já até existe a previsão de um PIX agendado, que seria algo semelhante a uma compra com cartão de crédito, mas pelas regras atuais ele acaba tendo pouco apelo, já que a operação é cancelada caso não haja dinheiro na conta quando ele for processado. Ou seja: sem garantia de recebimento, não é uma modalidade interessante para o comércio neste momento. 

 

E na prática, como vai funcionar o PIX?

 

Para que uma pessoa possa usar o PIX ela só precisa ter uma conta corrente, conta poupança ou carteira eletrônica. O cadastro é feito por meio da instituição que gerencia a conta e o serviço não tem custo para os os usuários

O cliente pode cadastrar uma chave PIX para facilitar as transações. Essas chaves funcionarão como uma espécie de “apelido” que servirá para identificá-lo nas transações. Elas podem ser o seu CPF, seu Email ou seu telefone, por exemplo.

A vantagem das chaves é que, na hora de fazer uma transferência, não será mais necessário ficar digitando aquele monte de informação como número da conta, agência, cpf, banco e etc, basta colocar a chave PIX.

Agora uma info importante:

As pessoas físicas podem cadastrar suas chaves PIX em mais de uma instituição bancária, mas só podem ter uma modalidade por instituição

Ou seja: se você cadastrou seu CPF como chave PIX em determinado banco, por exemplo, ele só pode ser usado como chave nesta instituição e se você quiser cadastrar seu PIX em outros bancos, terá de usar outras chaves, como seu email, por exemplo. 

Outra dúvida que eu tive foi: se eu não cadastrar uma chave, vou poder usar o PIX? E descobri que sim, porém o Banco Central recomenda o cadastro de uma. 

 

Como as empresas serão afetadas pelo PIX

 

Agora vamos olhar para o outro lado do balcão: como o PIX vai afetar as empresas, comércios e prestadores de serviços?

Uma grande diferença é que, embora seja gratuito para pessoas físicas, o PIX vai ser cobrado das pessoas jurídicas. Porém um ponto importante a se destacar é que, mesmo assim, o custo tende a ser menor do que esse em que incorremos hoje. 

O motivo para isso é que a cadeia de meios de pagamentos eletrônicos tem vários elos e cada um deles ganha um pouquinho. Ou seja, entre o momento que o consumidor coloca o cartão na maquininha e recebe o aviso de que a transação foi aprovada, muita coisa acontece:

Primeiro a credenciadora, que é a maquininha, processa a compra e envia as informações para a bandeira do cartão. Este, por sua vez, aciona o emissor: o banco. Por fim, assim que aprovada a transação, toda essa informação faz o caminho de volta: passa pelo banco, depois pela bandeira e chega na maquininha, que libera a loja para o recebimento do valor.

A cada venda feita no cartão, o estabelecimento é cobrado por um percentual da transação, a MDR (Merchant Discount Rate), que remunera todos esses envolvidos.

Já em uma venda feita pelo PIX com QR Code, por exemplo, o consumidor pode pagar com o celular e a operação é processada pelo sistema de pagamentos instantâneos, gerido e operado pelo Banco Central. Por esse motivo o custo é menor e por isso os comerciantes e profissionais autônomos devem ter o incentivo para adotar a nova modalidade. 

 

Quem ganha com o PIX?

 

Se o PIX for mesmo amplamente adotado, existem vários grupos que se beneficiariam da modalidade, com destaque para os seguintes, alguns que já mencionamos, mas vale reforçar:

 

  • O Consumidor: que poderá fazer transações mais rápidas, a qualquer hora e sem custos
  • As empresas: que economizarão com a Merchant Discount Rate
  • As carteiras eletrônicas: que com a adesão do PIX poderão ser aceitas em muitos mais estabelecimentos;
  • As empresas de tecnologia: que terão a oportunidade de entrar e/ou acelerar o crescimento na área de serviços financeiros;
  • E os bancos digitais e fintechs: que poderão, não apenas, expandir sua carteira de clientes, mas consolidar a base que já tem. 

 

Por que os bancos estão insistindo tanto para eu cadastrar meu PIX?

 

Hoje em dia, muitos brasileiros utilizam instituições financeiras menores, mas ainda concentram boa parte de suas movimentações em bancos tradicionais. Ou seja, muitos usuários tem uma conta na Nubank ou Neon, por exemplo, mas continuam fazendo suas operações mais importantes nos apps do Itaú e do Bradesco, por exemplo. 

Acredito que, com o PIX, essa lógica pode começar a mudar, pois esse modelo poderá servir como uma espécie de âncora de relacionamento com o cliente, ou seja, de fidelização.  Além disso, como eu expliquei antes, se você cadastra uma chave em um banco, não é permitido cadastrar a mesma em outro.

Então minha hipótese é que é por isso que os bancos tradicionais estão investindo pesado em campanhas publicitárias: para garantir que seus clientes registrem o PIX primeiro em suas plataformas. 

 

Propagandas de bancos tradicionais anunciando o PIX

Quem perde com o PIX?

 

Os perdedores em potencial, como você deve imaginar são todos os que hoje lucram com os vários elos da cadeia de pagamentos. Aqueles que mencionei antes: as maquininhas, as bandeiras de cartões e as processadoras que prestam parte do serviço operacional ligado aos cartões e as transações. 

A probabilidade que a alta adesão ao PIX gere perda de receita e diminua a rentabilidade dessas empresas é grande!

 

Por que o Banco Central está lançando essa modalidade?

 

Agora você deve estar se perguntando: se o lançamento do PIX pode afetar negativamente toda essa galera grande, qual a motivação do Branco Central para insistir nesse modelo?

Para Felipe Ahouagi, especialista em meios de pagamento da consultoria L.E.K, o PIX faz parte do plano  de competitividade do BC, o mesmo que quebrou o monopólio das maquininhas lá em 2009, ou seja: estimular a concorrência e diminuir os custos de transação no país

Além disso, o Banco Central também conta com a vantagem de que essa modalidade monetária dá maior visibilidade às transações, especialmente aquelas que antes eram feitas com dinheiro em espécie. Isso porque o PIX permite o rastreamento de ponta a ponta, o que ajuda a reduzir a informalidade, a evasão de divisas e aumentar a regularização do sistema.

 

O PIX e seguro?

 

No que diz respeito a segurança, ainda não houve iniciativa de padronização por parte do Banco Central. Aparentemente, essa questão será de competência das instituições financeiras. Ou seja: a lógica será a mesma das demais transações bancárias: os sistemas de mitigação de riscos e as barreiras anti-fraude variam de uma instituição pra outra. 

No caso do PIX, além da segurança dos próprios aplicativos das instituições financeiras, elas podem adicionar outras camadas, como um limite máximo de valor para realização de uma operação, por exemplo.

Enfim, podemos dizer que o Pix tende a ser seguro, mas mesmo assim, é provável que surjam fraudes como em qualquer outra modalidade de pagamento. Então deve-se ficar atento.

Aliás, temos que ficar atentos não apenas com a possibilidade de golpes, mas também com os erros que podem ser cometidos pelos próprios clientes. Isso porque, como o PIX é instantâneo, uma transferência ou pagamento feitos por engano, não tem garantia de ressarcimento. Então, caso ocorra um erro na hora da transação e o valor seja transferido para a conta errada, por exemplo, ficará a cargo de cada instituição decidir como vai lidar com a situação.

 

E aí, se sente mais seguro para registrar as suas chaves PIX?

 

E essas foram as informações que considerei mais relevantes para apresentar aqui no blog e espero que tenha sido útil! Tem alguma outra dúvida sobre o PIX, quer deixar uma sugestão ou continuar essa conversa? Deixa aí nos comentários! 🚀

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